"Ofereceram-me apertos de mão que entortaram os meus dedos. Juraram-me infindos com os dedos entrelaçados atrás das costas. As amarguras e mentiras que me vêm já têm aquele tapete de boas-vindas. Meu casaco quente já não me cobre do frio. E em meio à nevasca, descobri meu amor ás lamurias. Ah! Minhas lamurias  Pego-me a enxugar as minhas gotas salgadas que caem pelos cantos. Lágrimas à toa: sofrimento à toa. Apunhalaram-me pelas costas e a minha tatuagem do olho-que-tudo-vê não enxergou, não me contou. Tatuagem à toa. Só me fez as repugnas. Vida medíocre, sempre à toa. Passo ouvindo verdades que me fazem duvidar, ouvindo mentiras que me fazem acreditar. Deveria eu passar a vida de modo soporífico, deixando-a ir-se embora, sem minha vontade de dizer tchau. Mas já ouvi muitos tchaus, adeuses e até-logos que nunca "logaram". Faço-me um zero à esquerda, mesmo tendo o mundo nas minhas mãos. São minhas queridas lamurias que as deixo à solta nas minhas entranhas, como um vírus causador de sepsia. Porém, gosto delas. Deus me livre as sepsias."

Andressa de Amaral

Sem comentários:

Enviar um comentário

«Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma da gente!»

Obrigado pelo comentário*